O que encontro aqui sou eu, sou você, e nós
somos a parcela dos que não se encontraram
na realidade como ela é.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Homem Leve



Partindo da obra "A Insustentável Leveza do Ser" de Milan Kundera, que se serve da doutrina do Eterno Retorno de Nietzsche para justificar e distinguir o leve do pesado, proponho adoptar o conceito da repetição eterna para tornar o leve em pesado. Segundo Nietzsche, a vida que levamos (e os respectivos acontecimentos que ocorrem) não acabam na nossa morte mas serão sim repetidos vezes sem conta, durante toda a eternidade. Perante este conceito, Milan Kundera defende que, se considerarmos que a mais pequena e leve acção que podemos tomar se vai repetir eternamente, essa acção passa de insignificantemente leve para extremamente pesada. Sugiro então a utilização de um objecto/acção que é leve por natureza e, repetindo-o indefinidamente, torná-lo pesado à medida que o tempo avança.
O conceito gira em torno de uma personagem indefinida que sofre da condição de ser fisicamente leve. Esta condição é algo que a condena a nunca conseguir terminar qualquer objectivo ou acção a que se propõe, uma vez que, a qualquer momento, causas exteriores a impedem de o conseguir. Aplicando a doutrina do Eterno Retorno de Nietzsche, apercebemo-nos de que uma existência aparentemente leve se torna pesada quando sujeita a uma repetição constante.

*Retirado do canal do criador no: http://www.youtube.com/user/MikeFrost

Físicoente

“Pra piorar...”.

Bem, acho melhor não começar assim, foi só um pensar rápido. Mas o fato de eu estar doente agora, não ajuda em nada. Uma gripe estranha, ainda não sei do que se trata, já tomei alguns remédios. Por enquanto estável. Além do mais, saiu à constatação da conta da minha Internet. Adivinhe por que eu pedi? Pelos míseros R$694,23 que me cobraram. Pedi outra, mas não sei o que vai dar isso. Não quero nem pensar muito, em meu nome sujo. Ah, é “Oi Velox 3G”. E o valor extrapolado cobrado, é referente ao que eu supostamente ultrapassei do limite de 10gigabytes do meu plano. O que é mentira. Só se andaram roubando o sinal do meu número.

Esse final de semana ocorre o evento que eu sempre participei todos os últimos anos. Este é o primeiro sem participar, ou seja, mais um item para minha caixinha de frustrações, do “Quem sou eu agora?”. "Eu? Sou hoje tudo que eu já fui, mas que não sou mais."

Enfim, deve ser coisa da idade, (risos), que bobagem. Todas idades sofrem riscos e estão aptas ao sofrimento.

Enquanto isso... Vamos enchendo a caixinha de frustrações.

domingo, 25 de outubro de 2009

Ode ao Suicida Anônimo


Poema de Mata-Munhoz editado através de antigas imagens de arquivo e a contundente "Ase's Death" de Grieg como pano de fundo. Edição e Montagem de João Henrique Bayão e Frederico Giacomini. Dublin, 2006.

*Retirado do canal do criador no: http://www.youtube.com/user/jbayao

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pensamento rápido #3

Eu tenho alguém, quero dizer, tenho um amigo. Ele é estudante de psicanálise integrativa. Mas eu o odeio por algumas coisas. Principalmente por parecer que ele não dá a mínima para a minha doença, pior, finge e me trata como se eu estivesse bem. E não, não é uma técnica da parte dele, é desatenção mesmo. Ô povo que odeio, de psicanalistas! Eles só servem para nos inserir em problemas, em classes e distúrbios sociais. Não importa como foi a sua vida. Eles criam um significado para tudo, um “significante”. E pior: sempre canalizado para uma coisa ruim, um problema em você, porque claro, eles precisam exercer a função de caçar e entender você. O problema é que eles só sabem para falar, falar, falar. Eles não têm exatamente uma função para te ajudar, uma palavra de carinho, etc. Não estou generalizando, já que existem diversas formatos de análise. Terapeutas, outros usam técnicas específicas, etc. Os que não tive problemas até hoje são os psicólogos. Eles parecem mais limpos. E olham de verdade nos seus olhos. E não tentam entender as superficialidades e as aparências de imediato baseadas em teorias dos mestres da psicanálise. Este amigo está vindo aqui. Pedi cigarros.


Ouvi por aí, e na prática também, que falar é sem duvida um dos melhores remédios. E vou usá-la hoje, tentar. Mesmo sabendo que ele não vai entender bulhufas, e vai entender tudo de outro jeito, do jeito que ele aprendeu na psicanálise, que não tem nada a ver com o que acontece comigo, no caso e no momento. Mesmo que isso pareça egocêntrico de minha parte, só parece. Mas, ainda há de crermos que o lado humano: sensorial e sensitivo, seja maior que qualquer base teórica. Hei de nos salvarmos.

Tempestade


Tem feito parte da minha rotina de dormir, desde os dias que iniciaram meu medo do escuro, colocar um filme para dormir. Não tenho televisão. Vejo pelo computador. Já vi todos, os revejo. Como mesmo antes, não sou adepto a técnica de assistir algo para dormir. Mesmo que eu já tenha visto o filme 10 vezes, terei de ver até o final. Preparei um prato de comida, comi durante a madrugada. O filme acabou, já bem tarde madrugada adentro. Fui dormir. Algo diferente nesta noite, eu realmente estava planejando o suicídio. Já tenho este plano há algum tempo, não é um suicídio qualquer. E acredito que se eu não melhorar, e se eu ainda tiver forças, será ele. Gostaria de ter sanidade para não iniciar a sua prática.

Quando eu estava semidormindo, começou a tempestade. Também especial. Era uma tempestade de relâmpagos. E com certeza foi a tempestade mais forte desde o começo das chuvas deste período do ano. Do quarto, de telhas, fiquei acordado contando quantas vezes a luz dos relâmpagos invadiam o quarto pelas frestas. Senti-me como se estivesse exposto aos relâmpagos e realmente acreditei que um raio cairia em mim. Foi um dos maiores medos que senti desde sei lá quando. Lembro do meu corpo estático, como se até as veias do corpo estivessem economizando energias para circular o sangue.

Nada aconteceu. Cá estou, em outro dia que nem sei o qual, que vejo janela a fora e a única coisa que vejo, sou eu morto neste quarto.

Enquanto isso... Vamos fumando cigarros.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Pensamento rápido #2

Eu acho que ainda vou encher este blog com muita porcaria, de confusão, de coisas não muito empáticas por algum tempo. É um processo, porque não tem fórmula. Acordei ontem com a sensação de que eu tinha aceitado o momento que eu vivo, da forma que ele é. E isso foi bom, me senti satisfeito. E que assumindo isto, as coisas poderiam ser diferentes. Pelo menos, menos dolorido, sabe? Menos, menos, menos. Menos todas as sensações ruins. Mas é complicado, o mundo continua rodando, e mesmo sendo um tempo estável aceito por mim, ele no fundo é o plano que eu quero sair, mudar. Viver em um plano, o aceitando com a intenção de que as coisas fiquem mais fácies, definitivamente não é a cura. Mas pelo menos, a verdadeira anestesia.

Do BLOG de Marco Pizzi

Ao contrário do que muitas pessoas dizem, a depressão é uma doença muito grave e não é apenas frescura de pessoas “bem de vida”. O grande preconceito começa pela anulação da pessoa, que sofre com esta terrível doença da alma e do corpo, depressão é doença da alma e do corpo, e traz conseqüências devastadoras na vida das pessoas.
Os principais sintomas da depressão são: tristeza, sentimento de abandono, crises de choros, fraqueza do corpo e da alma, perca da auto-estima, sentimentos de culpa, acúmulo de sofrimentos e tristezas, falta de vontade de viver, isolamento, e em casos mais graves: agressividade, irritamento, mudanças de humor, insônia, dependência química, e infelizmente o suicídio.
(continue lendo este texto)

*Retirado de: http://blig.ig.com.br/pizzi/

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Tentativa #1

Asfixiar. Sufocar. Afogar. Prender a respiração: Autoasfixia. Até. Até que tudo pare. Sem dor. Sem grito. Só o corpo se deleitando sob onde estiver, amaciando, relaxando, cedendo. Parcialmente a maneira mais fácil, menos dolorida, rápida, indolor, incolor. Seria fácil, se fosse uma escolha e dela não houvesse possibilidade de se alterar. Foi a minha primeira tentativa. Passei uma semana pensando, planejando. Cheguei até ela, buscando uma forma mais inofensiva. Mas seria simples, se não fosse a vontade do corpo em receber o ar. Realmente não existe uma forma simples de partir. Tudo será imensamente dolorido, tudo terá um impacto maior que o esperado. Eu tentei, e o máximo que consegui foi desmaiar. Dormi em seguida, simplesmente adormeci. E acordei de volta. Pra cá.

Não consigo dormir. Não consigo acordar



Como o olhar é algo tão importante. Abri o Word. Quem aparece? O clip do Word. Cinza, com um olhar penetrante. Ele é quase maior que a folha em que está. Claro que isso é só um delírio bobo de um louco que não consegue dormir cedo, nunca. Aliás, às vezes sim, quando o sono vai acumulando e, sempre existem ocasiões especiais. São delas que vivemos. A não ser que você adote a postura de ser um real aventureiro, quer dizer, “adotar” vem de “querer”, e talvez esta decisão esteja totalmente ligada à personalidade.

Então, a não ser que você tenha o “espírito aventureiro”, as suas paisagens só mudarão de cor por meio de eventos especiais. Porque no dia-a-dia, tudo é cinza. É assim com muitos, com outros não, sortudos. Mas, comigo é.

Claro que as possibilidades de tudo mudar são infinitas. Mas as de eu realmente desistir são claras e objetivas, o que torna tudo mais perigoso. Não tenho a pior vida. Mas fui privilegiado com coisas muito ruins, que embora tenham me tornado alguém mais intelectual, por outro lado, me neutralizou daquela parte que somos obrigados a saber, a pisar, a estar. Todo o campo estrutural de uma sociedade é tão importante adquirirmos quanto os valores emocionais.

Porque só existe uma coisa que evolui constantemente, somada e resultado de tudo, de exatamente tudo: a nossa mente, o cérebro. Capaz de tudo, de existir tudo e nada. Capaz de mudar e ver da forma que quiser, ou da forma que não conseguir controlá-lo. Tudo mesclado aos sentidos, tudo em um único e imutável campo desconhecido, mas que somos por natureza, motivados a estar, vivendo. O que torna, novamente, tudo mais perigoso.

Enquanto isso... Vamos macacando.

domingo, 18 de outubro de 2009

Veronika decide morrer


Pensamento rápido #1

O que mais cansa, é a rotatividade de emoções que fragilizam uma pessoa com tendência suicida. Porque ela tenta viver, por momentos, encontros e eventos de felicidade. Mas alguém que está no parapeito, com certeza voltará a subir ao topo novamente quando as coisas lá em baixo, só provarem mais ainda que nada vale a pena. E que nada tem sentido. Aquela ladainha de sempre, dos conflitos do homem. Mas acho isso um saco, essa necessidade das formalidades de hoje em dia. Estou cansado das pessoas neste período em que vivemos, cada vez mais adeptas ao conformalismo. Conformadas com suas casas, com seus jeitos e trejeitos, com suas fórmulas. De como as coisas devem ser. Simplesmente por isto. E nisto, somos obrigados a nos inserir. Quem não se insere, vira marginal, artista, ou, suicida. Pelo menos tudo isto fica divertido. Um louco que ri de si mesmo. E ninguém entende. E o pior é que talvez nem ele mesmo.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um começo tímido, até que os fluídos se lubrifiquem por aqui

   

Parece que o medo da dor é o principal obstáculo. Mas receio que o maior deles, seja o desconhecido para qual partimos. Nós nascemos aqui, somos educados, inseridos em contextos e maneiras sociais, e nossas escolhas se tornam tão pequenas e calculadas. Um dia no supermercado, pensei: "comemos sempre a mesma coisa, nada muda". Mas deve ser a minha condição financeira. Porque eu vejo luz, vejo outra maneira, mas é como se tudo dependesse do dinheiro. Aqui penso eu, se o dinheiro não fosse da forma que é, se nós sofreríamos tanto com perdas, com necessidades, com a falta. Muitas vezes me parece, que muitas das frustrações não solucionadas, são exclusivas do chamado "dinheiro". É comum dizermos que com mais dele, faríamos diferente. E de fato faríamos.

Estou completamente perdido, e pareço ser o único assim. Todos lá fora parecem estar bem, se divertir, se aventurar. Os com muito, com estrutura familiar. Não acho solução, não encontro como para mim poderia ser diferente. É como se o "desistir de viver" de cada um fosse tão egocêntrico, que só deste motivo existe uma verdade. É como se eu não pudesse olhar para fora, porque estou perdido em mim mesmo.

Sempre acreditei que devemos reinventar tudo, modificar, para que assim criássemos a nossa forma de vida. Mas é tão injusto, porque muitas coisas realmente não dependem de nós.

Enquanto isso... Vamos argumentando.

Em formol, formalidades, apresentação

Eu, anônimo ou alguém, estou aqui para iniciar um diário aberto sobre o suicídio. E até que ocorra, ou não, a discussão deste assunto servirá para outros como eu.

Estudando, cheguei a conclusão de que nenhum suicída (entre o que planeja e o que comete) é igual ao outro. Em especial os que vivem em metrópoles, em que as chances e o mecanismo de vida é mais recorrente; os que têm problemas de família; os que não tem nada; os que têm tudo e os que acreditam que a morte é a única saída. Somos tantos.

Mas talvez exista uma característica capaz de unir alguns tipos. Entre o suicída que pensa no ato uma única vez na vida, em um momento de sofrimento; e o que vai levando a vida com momentos de felicidade, mas que no fundo a idéia de suicídio sempre existe.

E falar sobre quem realmente o comete, é falar livre de qualquer definição ou associação. Portanto, a prática aqui é ter contato com outros, porém, com o deslumbre e fé de que encontremos novos objetivos e funções nesta vida.

Enquanto isso... Vamos nos comunicando.